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quinta-feira, 17 de abril de 2014

Guerra-Peixe





César Guerra-Peixe
Petrópolis, 18 de março de 1914 — Rio de Janeiro, 26 de novembro de 1993
Foi um compositor brasileiro de música erudita e estudioso da música brasileira.
Nasceu em Petrópolis, filho dos imigrantes portugueses Francisco Antonio Guerra-Peixe e de Anna Adelaide Guerra-Peixe, que haviam chegado ao Brasil em 1893.2 Era o caçula de dez irmãos. Seu pai, que trabalhava como ferrador de cavalos e era músico amador, começou a ensinar-lhe a tocar violão aos seis anos de idade. Aos sete tocava o bandolim, aos oito violino e aos nove piano.
Começou estudos musicais formais na Escola de Música Santa Cecília, em sua cidade natal, onde foi aluno de violino do professor Gao Omacht, entre outros. Rapidamente ganhou prêmios na Escola pelo seu desempenho no instrumento. Em 1928 conseguiu seu primeiro trabalho, como violinista em sessões de cinema mudo em Petrópolis. A partir de 1929 começou a desempenhar-se como professor na Escola.
A partir de 1931 passou a viajar periodicamente à cidade do Rio de Janeiro para ter aulas particulares de violino com Paulina d’Ambrósio. No ano seguinte, entrou para o curso de violino do Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro (atual Escola de Música da UFRJ), onde estuda harmonia elementar com Arnaud Gouvêa e conjunto de câmara com Orlando Frederico.2
Com apenas cinco anos de estudo, obteve a medalha de ouro oferecida pela Associação Petropolitana de Letras. Após prestar concurso para ingressar na Escola Nacional de Música, obtendo o primeiro lugar, Guerra Peixe transferiu-se para a cidade do Rio de Janeiro, onde, para sobreviver, passou a trabalhar como músico em orquestras de salão que tocavam em confeitarias e bares, além de integrar um trio alemão que se apresentava na Taberna da Glória. Na Escola de Música, fez os cursos de harmonia elementar, com Arnaud Gouveia, e de conjunto de câmara, com Orlando Frederico. Nesta época, começou a trabalhar como arranjador para alguns cantores e gravadoras. Em 1943, ingressou no Conservatório Brasileiro de Música, para se aperfeiçoar em contraponto, fuga e composição, tornando-se o primeiro aluno a concluir o curso de composição do Conservatório.
Em 1944, terminado o curso, Guerra Peixe, ansioso por conhecer as novidades no campo da música, entrou em contato com o professor Koellreutter. Suas peças eram, até então, compostas dentro do modelo clássico com melodia brasileira, sendo a Suíte infantil n.º 1 para piano a expressão maior desse período. Guerra Peixe decidiu destruir todas as obras compostas anteriormente, passando a adotar a técnica dodecafônica. Na primeira fase da concepção dodecafônica, sua primeira composição, Sonatina para flauta e clarinete, foi intencionalmente antinacionalista. Compôs também a obra Noneto, interpretada por Hermann Scherchen em diversos centros europeus. Nessa época, participava do grupo Música Viva, com Cláudio Santoro, Edino Krieger e Eunice Katunda.
Depois de compor uma obra em que todas as características dodecafônicas se realizam alheias aos valores musicais brasileiros, Música n.º 1 para piano e solo, suas obras seguintes acentuaram a intenção de nacionalizar os 12 sons, como a Sinfonia n.º 1 para pequena orquestra, executada pela BBC de Londres, o 1º quarteto de cordas, as Miniaturas para piano. A peça Trio de Cordas foi um marco na pesquisa da dodecafonia, no sentido de conferir-lhe tons nacionais. Composta em 1945, nota-se, no segundo movimento (andante), um desprendimento no manejo da técnica dos doze sons. A fase dodecafônica encerrou-se em 1949 com a Suíte para flauta e clarinete.
Entre 1948 e 1950 trabalhou como arranjador na Rádio Jornal em Recife. A decisão de aceitar um trabalho na região nordeste foi tomada com o objetivo de conhecer melhor o folclore nordestino. Suas pesquisas musicais foram anotadas em cadernos, com várias melodias sendo utilizadas em obras compostas na década de 1950.
Parte do resultado das pesquisas foi publicada em 1955, sob o título Maracatus do Recife (editado pela Ricordi).
Guerra Peixe passou a conhecer o folclore brasileiro como poucos, ganhando sua música uma nova dimensão a partir do estudo de ritmos nordestinos como o maracatu, coco, xangô, frevo. O compositor descobriu que os passos do frevo foram trazidos por ciganos de origem eslava e espanhola, e não por negros africanos, como se pensava até então.
Guerra Peixe compôs trilhas para os filmes Terra É sempre Terra e O Canto do Mar, sendo premiado em 1953 como melhor autor de música de cinema.
Também realizou trabalhos no campo da música popular brasileira, fazendo arranjos sinfônicos para músicas de Chico Buarque, Luiz Gonzaga e Tom Jobim.
Integrou a Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC como violinista e dedicou-se à carreira de professor, dando aulas de composição na Escola de Música Villa-Lobos, e de orquestração e composição, na Universidade Federal de Minas Gerais. Ali, durante toda a década de 1980 até a sua morte, Guerra-Peixe formou um grupo de músicos que ficou conhecido então como "Escola Mineira de Composição" e que reunia os nomes de Gilberto Carvalho, Nelson Salomé, Lucas Raposo, João Francisco de Paula Gelape, Sérgio Canedo, Marden Maluf, Alina Paixão Sidney, Clarisse Mourão, Felix Down Gonzalez e Dino Nugent Cole, entre outros. Nélson Salomé, um dos discípulos mais diretamente ligado a Guerra-Peixe, escreveu um livro sobre o período.
Durante sua fase de maturidade artística, compôs Tributo a Portinari, confirmando seu incomparável domínio de orquestração. Poucos compositores conseguiram, como ele, atingir uma versatilidade e uma admirável concisão de linguagem, buscando na simplicidade a sua arma mais eficaz.


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